sábado, 28 de outubro de 2017

Segundo dia do Seminário da Frente Nacional em defesa do SUS inicia com debates e convocação à resistência

O Fórum Sergipano em Defesa do SUS e contra a Privatização da Saúde deu início ao segundo dia de atuação no Seminário da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde participando da II Conferência "Desmonte do SUS: desafios e perspectivas", no auditório da UFAL na manhã de sábado, dia 28. Os debates já deram a tônica de como serão as discussões na Plenária do Seminário, com falas não apenas demonstrando como se dá o processo de ataques ao SUS, mas também conclamando à radicalização da resistência contra esses ataques.

Dando prosseguimento às discussões da Frente nos últimos anos, o professor Áquilas Mendes (USP) explanou como as políticas públicas para a saúde foram progressivamente sucateando o SUS e que essa prática advém de muitos anos, ao demonstrar que a política de isenções fiscais para o setor privado foi acompanhada de redução dos investimentos no setor público. "A saúde é o terceiro setor com maior índice de isenção fiscal no Brasil. São R$ 32 bilhões que o governo deixa de arrecadar", destaca o docente da USP.

Essa política, portanto, acompanhada pelo brutal golpe nos investimentos através da Emenda Constitucional 95, que congela por 20 anos as despesas primárias, mas mantém intocadas as despesas financeiras, será responsável pelo agravamento dessa situação. "Para se ter uma ideia, se a EC 95 fosse aplicada desde 2003, a saúde responderia por 1,2% do PIB, ao invés dos 1,7% atuais. Estima-se que a saúde perderá R$ 450 bilhões nos próximos 20 anos", explica.

Não se trata de uma batalha fácil. Essa é uma luta árdua, com um oponente de grande poder de barganha: o complexo médico e financeiro da saúde, composto pela indústria farmacêutica, pela área técnico-médica e pelos planos de saúde, conforme definido pela professora Maria Valéria Correia, professora e reitora da UFAL. Para ela, as declarações e políticas implementadas pelo Ministério da Saúde de que o SUS não se sustenta e que quanto mais planos de saúde melhor, é prova que, hoje, o setor privado é definidor das políticas públicas.

"Essa é a segunda industria mais lucrativa do mundo, e por isso faz tanta pressão nos governos Porém o SUS, com todas as suas limitações, é o maior sistema de saúde público do mundo e não conseguiu se consolidar por esses interesses do capital", destaca a reitora, completando que o Brasil possui o segundo mais lucrativo mercado privado de saúde, perdendo apenas para os EUA, demonstrando que as barreiras entre o público e o privado foram derrubadas beneficiando esse último. "Na questão dos doentes renais, por exemplo, 94% dos recursos do SUS para essa área destina-se à contratação de serviços e insumos junto ao setor privado", revela.

Maria Valéria também reforçou como as isenções fiscais dos planos de saúde e de hospitais privados se amparam em selos de filantropia, beneficiando gigantes do setor como o Sírio-Libanês, Albert Einsten, Samiritano, HCor, entre outros, além dos modelos privatizantes como as Organizações Sociais ou a Ebserh, outra forma de ataque se dá na proposta de cobertura universal de saúde, iniciativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Banco Mundial, que têm o Brasil como signatário, além de fundações filantrópicas privadas, como Rockfeller e Bill & Melina Gates.

"Isso se manifesta no mix de serviços, pelo provimento de saúde pública apenas para a população pobre e planos privados para quem puder pagar. O governo brasileiro oferece a proposta de plano acessível ou popular, demonstrando o protagonismo do setor privado na formulação de políticas públicas", defende Valéria.

RESISTÊNCIA AO CAPITAL
Pegando esse gancho e fazendo um paralelo com a política econômica neoliberal aplicada no Brasil, Gustavo di Lorenzo, da Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina, explicou como os juros altos - uma das principais medidas para conter a inflação no país no últimos anos, também superlativiza os lucros o sistema bancário e financeiro e do setor privado de saúde.

"O lucro das operadoras aumentou mais de 70% em 2016, o lucro do Itaú Unibanco cresceu mais de 10% no segundo trimestre, em torno de R$ 6,17 bilhões, e o governo anistia mais de de mais de R$ 10 bilhões da divida de ruralistas. Isso demonstra que quando falamos de austeridade, é importante dizer: para quem? A austeridade neoliberal causa apenas pauperização do povo e responsabilização do indivíduo", avalia.

Nessa lógica, apresentando outros dados determinantes da determinação social do processo saúde-doença como fruto das relações de trabalho, Di Lorenzo ainda enfatiza quem são os oponentes nesse jogo de financeirização do mundo. "Temer é uma figura pequena. As pessoas cuja décima geração será bilionária às custas de trabalharmos mais 10 anos em condições mais precárias e com menos direitos é que são os inimigos", defende. Para ele, a via institucional falhou e agora só resta a linha de radicalização.

Em síntese, ficou evidente que para que esse quadro seja revertido, é preciso que o poso retome o protagonismo das decisões que remetem à coletividade. Além da revogação da EC 95 e de negar essa política de renúncia fiscal, como ações imediatas, o professor Áquilas Mendes ainda volta a reforçar que a luta deve se pautar por uma perspectiva mais ampla, sem se ater apenas à pequena política, da gestão, nas palavras dele, mas deve ter em vista o horizonte de subversão do sistema capitalista para a garantia de um SUS público, gratuito e de qualidade.

O evento prossegue à tarde, quando será a vez de os Grupos de Trabalho se reunirem para formulação das propostas que irão orientar as ações da Frente no enfrentamento aos ataques à saúde pública.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Delegação sergipana inicia atuação no 7º Seminário da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde

A delegação sergipana chegou na manhã de sexta, dia 27, a terras alagoanas para o 7º Seminário da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde. Formadas por diversas entidades, organizações e militantes da área da saúde, o Fórum Sergipano em Defesa do SUS e contra a Privatização da Saúde participou de oficinas com temas como 'cuidados em situação de conflitos urbanos', 'direitos reprodutivos e sexuais das mulheres em tempo de Zica vírus', 'dilemas e perspectivas para a saúde coletiva' e 'formação em saúde: desafios e perspectivas' (clique aqui para conferir o álbum de fotos na página do Fórum Sergipano no Facebook).

Na parte da tarde, além de apresentação de trabalhos ligados à atuação sindical e defesa do SUS, pautando inclusive o controle social, os movimentos populares e as resistências às contrarreformas neoliberais, o Fórum Sergipano contou com o colóquio sobre os 100 anos da Revolução Russa, onde foi abordado como o modelo pós-revolucionário serviu de inspiração para uma socialização dos moldes de oferta de saúde à população.

À noite, será a vez da mesa de abertura do evento, com o tema 'Saúde em tempos de retrocesso e retirada de direitos', para em seguida dar lugar à I Conferência 'Análise de Conjuntura: crise e política de saúde no Brasil'. Confira programação completa clicando aqui.





segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Fórum Sergipano em Defesa do SUS dialoga com imprensa e população

Organizações dos trabalhadores da saúde divulgam na manhã de segunda, dia 16, a agenda do Fórum Sergipano em Defesa do SUS e contra a Privatização da Saúde, com Lançamento Oficial na quarta, dia 18, às 13h30 no plenário da ALESE. A atividade fez parte das primeiras iniciativas públicas este ano do Fórum, que desde o início de setembro vem retomando a rotina de reuniões e construções com o objetivo de fortalecer a luta contra o avanço das propostas de desmonte do SUS. Além de dialogar com veículos da imprensa sergipana, integrantes do Fórum realizaram uma panfletagem pelos setores do Hospital de Urgências de Sergipe (HUSE), a fim de apresentar as pautas do movimento e a necessidade de organização do povo em defesa de um sistema de saúde público, gratuito e de qualidade.

A escolha do local para essa atividade não poderia ser mais adequada, na maior unidade de saúde pública do estado e que se encontra num profundo processo de desmonte e precarização das relações de trabalho em seu interior.

Após novas ações de mobilização e do lançamento na quarta - que contará com a presença do procurador do MPF/SE Ramiro Rockenbach, e da deputada Ana Lúcia, entre demais autoridades -, outras atividades deverão ocorrer nos próximos dias, agregando ainda mais organizações nessa luta de todo o país através da Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde, e que contará com um importante momento de organização no 7° Seminário da Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde, que acontece entre os dias 27 e 29 de outubro na UFAL, em Maceió/AL.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

LANÇAMENTO DO FÓRUM SERGIPANO EM DEFESA DO SUS E CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA SAÚDE

A partir da experiência acumulada por trabalhadores, estudantes e usuários em anos de defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), é lançado em nosso território o Fórum Sergipano em Defesa do SUS contra a Privatização da Saúde, buscando garantir princípios básicos de um sistema que se afirma público, universal, integral e democrático e com igualdade de direitos.

Em Sergipe, o cenário do SUS não é diferente do nacional, onde identificamos vários problemas que prejudicam a garantia de saúde pública de qualidade, dentre elas:
  • redução e congelamento dos recursos públicos nas políticas sociais, inclusive na área da saúde, afetando a qualidade do atendimento nos postos de saúde, clínicas, hospitais e CAPS;
  • piora das condições de trabalho, atrasos salariais e negação de reajuste dos profissionais, demissões em massa, e perda de direitos dos trabalhadores;
  • modelos de gestão que não garantem a real participação popular na organização dos serviços, permitindo desvios de recursos públicos para outras finalidades, a exemplo do rombo deixado na Fundação Hospitalar de Saúde, que até o momento, gere os principais hospitais de grande e médio porte do estado;
  • sucateamento da rede de Atenção à Saúde, gerando superlotação de unidades hospitalares e falta de materiais básicos como luvas, seringas, vacinas, gaze, macas, remédios, além da retirada das motolâncias de circulação, frota do SAMU insuficiente para as demandas da capital e interior, hospitais com falta de pessoal, entre outros.
Portanto, não há outro caminho que não seja o da organização e da luta em defesa  do SUS!!

LUTAMOS PELA SAÚDE COMO DIREITO E NÃO COMO MERCADORIA!
SE PRIVATIZAR VAI PIORAR, ENTÃO NÃO DEIXAREMOS PRIVATIZAR!

DEFENDEMOS:
  • Sistema de Saúde de público, gratuito e de qualidade;
  • fortalecimento da atenção primária, priorizando ações de promoção da saúde e prevenção de doenças;
  • valorização dos trabalhadores da saúde e condições dignas de trabalho;
  • gestão democrática ocupada por profissionais da saúde e com maior atuação popular;
  • garantia de funcionamento de todos os hospitais públicos de Sergipe administrados pelo SUS;
  • ampliação dos recursos para o SUS;
  • reformulação nos currículos universitários, de modo a aproximar a formação dos profissionais à realidade do SUS e às necessidades do país, cumprindo um papel transformador da sociedade e do trabalho em saúde;
  • defesa da realização urgente de concursos públicos nas esferas federal, estadual e municipal;
  • melhores condições de saúde que incluam acesso a água potável de qualidade, saneamento básico, condições dignas de moradia, alimentação;
  • fim dos modelos de gestão que permitem um aumento das parcerias público-privadas, retirando do Estado a função de garantir a saúde pública à população.

Segundo dia do Seminário da Frente Nacional em defesa do SUS inicia com debates e convocação à resistência

O Fórum Sergipano em Defesa do SUS e contra a Privatização da Saúde deu início ao segundo dia de atuação no Seminário da Frente Nacional con...